Caminho das Tropas


Caminho das Tropas era o nome dado às rotas de ligação utilizados por tropeiros para conduzir o gado e transportar mercadorias em burros de carga. Ele foi a principal rota, durante dois séculos, ligando a Colônia de Sacramento, atual território da República Oriental do Uruguai, à Sorocaba, em São Paulo, integrando, desta forma, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná ao mercado brasileiro.

A presença européia nos planaltos do sul do país intensificou-se a partir do século XVII, com os bandeirantes, que seguiam os caminhos indígenas já existentes. Posteriormente, no século XVIII, começou o trânsito dos tropeiros, que conduziam o gado retirado das vacarias das missões jesuíticas no Rio Grande do Sul até a feira de Sorocaba, para ser utilizado nas Minas Gerais.

Em 1703, Domingos de Filgueira descreveu o caminho entre a Colônia de Sacramento e Laguna, conhecido como Caminho da Praia. Vinte e cinco anos depois, em 1728, foi aberto o Caminho dos Conventos, também chamado de Caminho de Souza Farias que, saindo de Araranguá (SC), subia o planalto penetrando nos Campos de Cima da Serra, seguindo até Curitiba para chegar em Sorocaba.

Um pouco ao norte se passou a abrir outra estrada de acesso, ao longo do Rio Tubarão, no ponto denominado Rio do Rastro; esta foi uma iniciativa da Câmara de Laguna, no mesmo ano que se instalava o município de Lages, em 22-5-1771.

Progressivamente, os antigos pousos instalados ao longo deste caminho e as antigas sesmarias doadas aos tropeiros, foram transformando-se em cidades e delineando o povoamento da região.

A partir da década de 30 do século XVIII, foram instalados registros, em pontos estratégicos deste caminho que funcionavam como posto de cobrança de taxas sobre o gado que era transportado pelos tropeiros.

A ligação São José da Terra Firme-Lages, foi conhecida inicialmente como Caminho das Tropas para Lages. Seu trajeto seguia as trilhas dos índios que ligavam o litoral ao planalto catarinense. Iniciada em 14-11-1788, foi dada como concluída em 6-12-1790. A partir do fim do Império, foi sendo preparada para o tráfego de carroças e o seu traçado aproximou-se do Rio Maruim. O primeiro trecho, provavelmente até São Pedro de Alcântara, foi inaugurado como estrada carroçável em 21-08-1888.

Como uma outra opção, em 1776 foi aberta uma picada partindo da foz do rio Cubatão em direção a Lajes que foi abandonada a poucas léguas além do Rio dos Bugres, por causa da impraticabilidade e do perigo dos gentios.¹

Em 1847, com a formação da Colônia Santa Isabel, o Governo Provincial mandou abrir uma estrada que passou a ser a nova opção da ligação entre São José e Lajes. Na verdade esta ligação fez a abertura da estrada até Taquaras, onde já passava o Caminho das Tropas que vinha pela Colônia São Pedro de Alcântara em direção a Lages.

No mês de agosto de 1888, o Presidente da Província e Hercílio Luz, Engenheiro das Obras Públicas, percorreram de novo o velho caminho de penetração para planejar sua melhoria, bem como decidir sobre seu traçado definitivo. Na ida tomaram o caminho do rio Cubatão, ou seja, por Santo Amaro. No retorno desviaram em Taquaras para estudos de comparação, descendo por Angelina e São Pedro de Alcântara, margeando o rio Maruim. Decidem-se em favor da via pelo Cubatão, discordando definitivamente com o traçado inicial de 1790.¹

Esta decisão, naquele ano de 1888, é mais uma causa do declínio da Colônia de São Pedro de Alcântara, pois foi retirando aos poucos da sua área, a principal rota de ligação entre o planalto, a Capital e o litoral do Estado, e os investimentos públicos e privados dela decorrentes.
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¹ Enciclopedia Simpozio.