A Vida na Colônia

Confinados por montanhas e florestas virgens, com trilhas lamacentas que em época de chuva se tornavam quase intransponíveis, os pitz (die petza) tinham na religião, na família, no trabalho da roça, no engenho e no cuidado com os animais o seu mundo.

Observar o desenvolvimento da vida ao seu redor eram as novidades do dia-a-dia. Os animais domésticos, seus hábitos e instintos, a visita de animais selvagens e aves migratórias ou mesmo a praga de insetos, a caça e a pesca, o nascimento e a morte, o crescimento dos filhos, os acidentes, as doenças, a fé em Deus e nos dogmas da religião, os pecados e as virtudes, este era o mundo em que viviam.

Era um mundo fechado. Não havia intercâmbio com outras comunidades mais prósperas ou de culturas diferentes que oxigenassem o seu espírito. Por mais de cem anos mantiveram os mesmos valores, a mesma rotina, as mesmas técnicas agrícolas. Não houve inovação, desenvolvimento e progresso. O seu trabalho desenvolvia-se com o objetivo de sobreviver.

Romper o isolamento geográfico e cultural, aventurar-se por novas terras e novos mundos era uma tarefa hercúlea e aqueles que o fizeram foram exceções nem sempre vitoriosas. A segurança da rotina - da tradição, família e religião – mantiveram-nos numa grande letargia. A resistência à mudanças encontrava respaldo na própria família.

A evolução é algo extremamente lento. Os agentes externos – um choque de civilização, por exemplo – podem ajudar a romper esses condicionamentos, mas não se pode negar que o motor que move cada indivíduo está dentro dele mesmo. É a sua natureza individual formada pela herança genética e cultural que o levará para frente e para cima ou a sucumbir diante da lei de sobrevivência do mais forte.