A Fabricação do Açúcar

O engenho era um grande galpão coberto com aparelhos próprios para moer a cana com que se fabricava o açúcar. A moenda podia ser movida por tração animal ou força hidráulica. Se movida à água, o investimento era maior, mas o rendimento também, ficando o proprietário, entretanto, sujeito à falta de água durante as estiagens. Era formada por dois cilindros de madeira dura e, mais recentemente, por ferro ou aço. 

A não ser que houvesse uma queda de água próxima com força suficiente e que pudesse ser desviada, construía-se um açude e canalizava-se a água até o engenho. 

A construção da roda-d'água e o sistema de engrenagens, eixos e transmissões até a moenda eram feitos de madeira de lei e por mão-de-obra qualificada. 

Moída a cana, a garapa era levada pela força da gravidade até um tacho de cobre onde era fervida sob fogo forte. Evaporando a água, a garapa ia encorpando e formando o melado. Usava-se uma escumadeira para retirar as impurezas que se concentravam na espuma e verificar a sua densidade. 

Para fazer açúcar, deixava-se o melado adquirir maior densidade. Ao aproximar-se do ponto, diminuía-se o fogo para evitar o escurecimento. Esfriado no tacho, era transferido para o gamelão. Solidificado em placas de cristal, era colocado em caixas de madeira para escorrer o líquido ainda existente. Após alguns dias, era posto em tablados para secar ao sol. Com uma enxada, os blocos de cristal eram remexidos e esfarelados até a seca total. Peneirado para separar os torrões, era acondicionado em caixas de madeira em local seco e ventilado. De cor amarelada, o açúcar grosso ou mascavo, estava pronto para o consumo. 

Este trabalho tinha a participação de toda a família, inclusive das crianças. 

A técnica nos grandes engenhos do Brasil é diferente. Em vez de secar no sol, ao atingir o ponto, o melado é transferido para o gamelão, onde é batido até acontecer a sua total cristalização. Através da agitação rápida e constante, a massa vai resfriando, esfarelando até secar totalmente. 

Nem no Brasil, nem em Portugal foram instaladas refinarias no período colonial. O açúcar produzido no Brasil só era refinado ou embranquecido no Condado de Flandres, na Holanda, que o distribuía para toda a Europa. Era também a Holanda que financiava a produção.