Campanha de Nacionalização

Em 04 de maio de 1938, com o Decreto-Lei 406 que dispõe sobre a entrada de estrangeiros no território nacional, inicia-se a Campanha de Nacionalização com o objetivo de abrasileirar os estrangeiros do sul do Brasil. Os alienígenas, assim chamados por militares e políticos da época.

Foram tomadas medidas coercitivas que alteraram visivelmente o cotidiano da população, com proibições que abrangiam tanto o uso da língua estrangeira, manifestações culturais e fechamento de escolas, quanto à posse de objetos (livros, armas, fotografias) que lembrassem a terra natal.

Com a declaração de guerra à Alemanha em 31 de agosto de 1942, as medidas endureceram na busca de invasores infiltrados, espiões ou agentes de Hitler. O industrial, comerciante, simpatizante nazista ou o colono que não tinha noção do que era nazismo, todos foram nivelados no mesmo grau de periculosidade. Campos de concentração foram instalados em Florianópolis e Joinville.

Na capital do Estado, o campo de concentração foi instalado em prédios do setor agrícola da penitenciária do Estado, onde hoje funciona a Prefeitura da Universidade Federal de Santa Catarina no campus da Trindade.

O interventor Nereu Ramos manteve uma linha dura e um regime considerado exemplar pelas autoridades militares do governo Vargas. Sob o comando do chefe do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), Coronel Antônio Lara Ribas, policiais em todo o Estado produziram verdadeiras caçadas a nazistas e fascistas, com tortura em praça pública, invasão de casas, apreensão de objetos e vingança pessoal.

No Alto Biguaçu, segundo Raulino Reitz, buscas, apreensões, revistas em casas foram realizadas em todo o distrito de Antônio Carlos, quando foram apreendidas bíblias, devocionários, livros, bordados com provérbios de parede e quadros emoldurados com artísticos dizeres religiosos ou cívicos em idioma alemão. A devassa foi total nas igrejas, cemitérios e residências. A perseguição à cultura alemã foi violenta.

Não há registros de que tenha ocorrido o mesmo em São Pedro de Alcântara. Mas, certamente, este distrito que fazia parte da mesma Colônia, não deve ter recebido tratamento diferenciado.

Naquele período o Padre Nicolau Schaan era o Pároco de São Pedro de Alcântara. As missas eram celebradas em latim e o padre dava dois sermões, um em português e outro em alemão, que era mais curto e que foi proibido.

As confissões, obviamente, continuaram sendo feitas em alemão por aqueles que não sabiam falar o português. Falava-se o Plattdeutsch¹, mas as confissões eram feitas em Hochdeutsch². 
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¹ Baixo-alemão (dialeto). 
² Alto-alemão (gramatical).